Enjoy the silence.
No canto, pouco depois da entrada daquele lugar meio escuro e sujo, lá estava, tão triste, tão solitário. Na verdade, não havia reparado; sua mãe a chamara atenção para aquele ser esquecido no corredor largo.
Todos passavam por ali, mas ninguém olhava. Ninguém sequer lembrara de sua existência.
Mas ele estava ali, encolhido, sem perspectivas.
Não podia deixar de ir lá e ver o que se passava.
Então, ao aproximar-se, ele veio automaticamente em sua direção, como se já a conhecera, tão terno...
Cada vez tentava ficar mais próximo da grade, limite que separava os dois.
Na verdade, ela não se importava se ele iria mordê-la, bicá-la. Enfim, deixa para lá, whatever.
E baixou o bico e emitiu um som como um choro.
Ela acariciou suas penas brancas e pretas - pela aparência, parecia raro; como ele estava sofrido. Mas sua meiguice não havia apagado.
Enquanto isso, o tempo passava rápido... apenas alguns minutos, alguns segundos.
Mas estes pareceram eternos.
Do nada, lembrou-se daquele clip do Tanghetto, o do pássaro...
Não acreditava como corações de pedra fossem duros o suficiente para permitir aquela situação.
E ao partir, uma profunda tristeza e desconforto tomou conta de si.
A vontade que tinha era de comprá-lo e levá-lo para o seu verdadeiro lugar; a liberdade.
Infelizmente, a finalidade de nossa visita àquele lugar não iria ser cumprida.
Após algum tempo:
"Não consigo esquecê-lo."
"Eu também não. Vamos voltar lá para pedir um cartão? Enquanto estou conversando com ele, você faz mais carinho nele."
"Vamos."
(Existem oficinas mecânicas que "criam" pássaros, a fim de medir a qualidade do ar do ambiente; ou seja, se o animal morre, é porque está insalubre.)
Desculpa, mas só posso chamar isso de crueldade.